sábado, 8 de outubro de 2016

Jesus e Lázaro, pequena contradição

Parece existir uma pequena contradição nos relatos do evangelho de João
capítulos 11 e 12.

Em João 11:

1º) Maria unge os pés de Jesus e enxuga com os seus cabelos;

2º) Jesus ressuscita Lázaro.

Em João 12:

1º) Jesus ressuscita Lázaro;

2º) Maria unge os pés de Jesus e enxuga com seus cabelos.

As aparentes contradições devem funcionar como um interesse a mais
para quem ama e se dedica ao estudo da Palavra.

Obrigado.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Mistérios

Todas as religiões exploram o lado misterioso.

O mistério da reencarnação, da vida após a morte, do Deus que se fez carne e habitou entre os homens, da ressurreição do Salvador.

O mistério fortalece as instituições, cria dependência, gera veneração através do medo.

O mistério foi o grande negócio de mídia da Idade Média, da qual ainda hoje guardamos
muito de sua influência.

O ensino simples e direto de Jesus foi, logo após a sua morte, sendo
revestido de uma áurea de mistério, um apelo ao mundo dos mortos,
à gloria do reino do divino.

O mistério do pecado e da morte criou o antídoto da graça e da vida eterna a ser diligentemente ministrado pela Igreja.

Uma religião sem mistério não tem graça, tal qual uma vida sem mistério é chata.

Mistério é poder, capacidade de dominar e manipular.

Graças a Deus os evangelhos não têm mistério. Podem ser lidos e entendidos
por todos aqueles que querem simplesmente seguir os passos de Jesus.

Os únicos mistérios que Jesus nos legou, através dos evangelhos, foram: amar o próximo,
socorrer as pessoas nas suas necessidades, rejeitar a corrupção, abraçar o ideal
pelo próximo acima de tudo.

Mas, convenhamos, estes "mistérios" não criam instituições, não geram prestígio político,
não acumulam riqueza.

Quiçá sejam os nossos mistérios voltados para o serviço ao próximo e, consequentemente,
a Deus.

Obrigado.
arquiteto2016@outlook.com



terça-feira, 27 de setembro de 2016

O Jesus histórico

A bíblia nos dá algumas pistas que podem ser úteis para formatar o Jesus histórico.
Não são muitas pistas, nem conclusivas, mas acredito que todo cristão deve ter curiosidade
para entender um pouco como o homem Jesus vivia.
Sempre que fazemos um amigo nos interessamos em saber coisas sobre ele (onde mora, o que faz,
se trabalha, sua rotina, sua família...). Não deveria ser diferente com o Jesus histórico, já que as pessoas geralmente têm se contentado em admitir apenas que Ele é o Salvador, Deus, Messias, O Enviado, e só... o Jesus histórico ainda permanece um tabu nos meios religiosos.

Vamos ver algumas pistas:

1.Jesus era Mestre.

Ele era constantemente chamado, com reverência, de Mestre, não apenas pelos discípulos, mas principalmente, pelos maiorais do Templo, escribas, fariseus. Era convidado por estes para ceiar em suas casas, provavelmente depois da preleção da Escritura, e em alguns momentos Jesus mostra intimidade com esta elite religiosa a ponto de entrar voluntariamente na casa de um fariseu e logo ser reverenciado pelo dono desta casa.
Isso demonstra que Jesus era um homem de refinamento, cultura, bom gosto, trajes apropriados a quem era Mestre no Templo (e não os andrágios toscos que costumamos ver nas representações).
Tanto Jesus era uma pessoa de status social e prestígio que o seu julgamento foi conduzido de forma o mais cerimonial possível, levado à presença das maiores autoridades que governavam a judeia: o Sumo Sacerdote, o governador Herodes e o representante do próprio César, Pilatos.
Pode-se comparar o tratamento dado a Jesus, no seu julgamento, e o dado a João Batista, que, como outros "agitadores" que se insurgiam como o messias, foram simplesmente capturados e sumariamente executados em prisões e calabouços.

2.Jesus ensinava no templo todos os dias.

Jesus estudou, se graduou, e portanto tinha um ofício que lhe garantia uma renda. Certamente a
cátedra de Mestre não era um ofício voluntário, mas bem remunerado.
Vale observar que Jesus ensinava no Templo, mas não aprendia lá. À noite ele ia para o monte "meditar e orar". É de onde provinha sua sabedoria.

3.Jesus fundou uma companhia independente.

Paralelamente ao seu ofício de mestre no templo, Jesus reuniu alguns discípulos (provavelmente mais do que 12, já que esse número é simbólico associado às 12 tribos de Israel) e fundou uma companhia itinerante.
Essa companhia "batizava", o que significa que havia uma mensagem de salvação e aceitação. Essa mensagem provavelmente esteja associada à mesma mensagem de João: "arrependei-vos e crede no evangelho".

4.Jesus tinha necessidades normais de qualquer ser humano.

No encontro com a mulher samaritana (João 4), é dito que Jesus parou junto à fonte de Jacó porque estava "cansado do caminho".
Mais adiante é dito que ele estava sozinho, no encontro com a samaritana, porque os discípulos "tinham ido à cidade comprar comida".
Um Jesus real, humano, que sente fome, sede, cansaço. Uma companhia que tem recursos financeiros (Judas era o responsável pela bolsa = caixa), portanto tem renda, organização, planejamento e objetivos.

Uma história real, de um Jesus real, vivo e humano.
Não um Deus que se fez homem, mas um Homem que se fez Deus pela sua mensagem e atitudes.

Obrigado.

Comentários: arquiteto2016@outlook.com




segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Cristianismo e escravidão

Em Colossense 4:1 há uma advertência para que os senhores sejam justos e retos com seus escravos.

Em Gálatas 3:28 Paulo defende a ideia de que todos são filhos de Deus pela fé em Cristo, não havendo discriminação étnica (gregos ou hebreus), de gênero (macho e fêmea) ou condição social (escravos e livres).

Paulo reconhece a instituição da escravidão e como ela é importante para a manutenção da base econômica e política de sua época.

Os escritos de Paulo estão em sintonia com o status político e o contexto econômico-social de Roma ao declarar que os crentes em Jesus devem ser obedientes aos governos seculares e que os escravos devem ser tratados com humanidade, mas não alforriados.

arquiteto2016@outlook.com

domingo, 24 de julho de 2016

Adoração?

Por que a atitude de adorar é o ponto central da vida cristã?

Adoração é uma atitude do espírito ou das emoções,
já que ela começa na mente, envolve o pensamento
no objeto a ser adorado, e se reflete em atos externos?

No que pensamos quando adoramos? Precisamos formar em nossa mente o objeto 
a ser adorado.
Este objeto deve ter características reconhecidas culturalmente como boas:
ele deve ser bondoso, justo, pai, distante mas zeloso, forte, suplante nossas deficiências
e limitações (um super humano). Deve ser "homem", branco.
Deve ter um olhar severo que inspire não apenas respeito mas medo.

Nos evangelhos Jesus não pedia ou incentivava para ser adorado.
Ao contrário, ele exigia o anonimato quando dizia a alguém que
acabava de ser curado que não o revelasse.
Jesus repreendeu o jovem rico ao reverenciá-lo como Bom 
("porque me chamas Bom? Bom só há um, que é o Pai).
Jesus ensinava que o menor é o maior e que o servo é maior
no reino de Deus do que o que é servido.

Então porque as religiões se fixam em atos de adoração?

Lendo os evangelhos percebemos que a missão de Jesus era ENSINAR.
Jesus frequentava as sinagogas para ensinar, escolheu os 12 para
os ensinar, se sentava frente às multidões para ensinar.

Jesus ensinava o mesmo que João: o Reino de Deus está próximo.

E esta proximidade era bem próxima mesmo. Deveria acontecer
antes que todos daquela geração morressem (cerca de 40/50 anos
dos contemporâneos de Jesus) e não em um futuro longínquo
como aqueles que tinham a expectativa de um Reino fabuloso, 
de reis e exércitos, esperava.

O Reino de Deus realmente chegou: são as atitudes de todos nós
frente às injustiças, o amor ao próximo, a assistência ao necessitado,
os gestos de caridade... este é o reino que Jesus deu início.

Atos excessivos de adoração desviam
a responsabilidade de viver dia a dia o evangelho.

Quando a religião deixou de ensinar e passou a fazer da adoração o ponto
alto da vida cristã?

O que Jesus ensinava?

Jesus ensinava aquilo que EU posso ensinar ao meu próximo: ter esperança.
Ensinar que o reino de Deus está aqui, agora, e que é um CAMINHO
a ser percorrido de influência primeiro na sua família depois
na sociedade.

Amém
arquiteto2016@outlook.com 





segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Confissão Luterana

Acabei de ler um livro bastante didático sobre a confissão luterana.
Seu nome é: "As Confissões Luteranas: Introdução", de Gunther Gassmann e Scott Hendrix, Ed. Sinodal.
Aprendi principalmente que o luteranismo é tradicionalmente ecumênico.
A condição ecumenica, diferentemente do que é interpretada por certas denominações, não se refere a algo ruim, mas a um diálogo entre diversificadas correntes de pensamento religiosos visando o bem comum para a humanidade.
O luteranismo é uma instituição forte, bem definida teologicamente, com uma identidade bem delineada desde a Reforma, no século XVI, mantendo as suas características próprias sem porém ser hermética, tradicionalista ou inflexível diante dos desafios da contemporaneidade.
Foi um grande prazer conhecer as bases desta história e entender como a instituição atua hoje em questões não apenas teológicas, mas sociais no mundo através da Fundação Luterana Mundial.
Parabéns aos luteranos! 

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quarta-feira, 22 de julho de 2015

Deus revelado

A visão da Cabalá, trazida pelo Rabino Aaron, e a visão do teólogo José Castillo nos falam basicamente a mesma coisa: que Deus se revela ao mundo através do humano.
 
O ato da kenósis (despojamento de Deus de sua Transcendência e poder para descer ao nível da humanidade), revelada em Jesus (que a transmitiu à nós), nos inspira a vivermos e experimentarmos essa encarnação de tal forma que possamos revelar Deus ao mundo no nosso dia-a-dia, nas nossas relações humanas, enfim, em tudo que falamos, fazemos e pensamos.
 
José nos coloca a seguinte proposição: no final de tudo, no Juízo bíblico, não seremos cobrados pelo que fizemos ou deixamos de fazer a Deus, mas o que fizemos ou deixamos de fazer às pessoas com quem nos relacionamos.
 
"porque estive nu, com fome, preso... e não me vestistes, alimentastes ou libertaste..." Mateus 25.
 
 
 
 
 
Fontes citadas na postagem anterior.
 
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