terça-feira, 26 de agosto de 2014

Experiência da morte


No livro de Eclesiastes está escrito: "Quem sabe que o fôlego do homem vai para cima e o dos animais vai para baixo da Terra?" (Ecl. 3:21).

Recentemente vivi uma experiência de "quase morte". 
Me submeti a uma intervenção clínica e precisei ser totalmente sedado.
Após receber a injeção com o sedativo tentei ficar o mais alerta possível para perceber o momento em que ia entrar no sono profundo. Não consegui.
Cerca de uma hora depois estava acordando aos poucos, zonzo, recobrando a consciência.
Impressionante este lapso de tempo em que NADA passou a existir para mim!
Eu mesmo, enquanto consciência, deixei de existir!
O tempo e o lugar deixaram de existir!
Enquanto as pessoas circulavam ao redor do meu corpo, eu simplesmente NÃO ESTAVA LÁ!
Eu estava em LUGAR NENHUM. Era como se nunca tivesse nascido.

Cristo ressuscitou!

Segundo Paulo, esta é a esperança da nossa fé. "Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé e a nossa pregação", afirmou.

Biologicamente o processo de ressuscitação é algo antinatural. As intervenções no corpo para uma restauração completa (e complexa) dos sistemas biológicos é algo que hoje só é possível de acreditar negando-se todo e qualquer saber humano na área da ciência.

Os judeus acreditavam na ressurreição do Estado Judeu (o vale dos ossos secos no livro de Ezequiel), não na ressurreição do corpo individual.

Foram os gregos que introduziram a noção de que o homem é composto de corpo e alma como unidades distintas (ainda que interligadas) e que a alma tem vida eterna.

Posteriormente uma seita judaica, a dos fariseus, incorporou a noção da ressureição pós morte (em oposição a outra seita - a dos saduceus - que não acreditavam).

Jesus, judeu confesso, Aquele que veio para "as ovelhas perdidas da casa de Israel", trouxe uma mensagem de ressurreição espiritual para o povo judeu baseado no estabelecimento do esperado (pelos judeus) Reino de Deus na Terra, não em um lugar distante, mas AQUI e AGORA: "dos que aqui estão alguns não provarão a morte antes que vejam vir o Reino de Deus".

Há uma parábola interessante na Bíblia (João capítulo 3): o encontro
de Jesus e o "mestre" Nicodemos.

Nicodemos quer saber como herdar o Reino de Deus. Jesus afirma: "Na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus" (João 3:3).

Seria um caso de ressurreição do corpo? Entrar no ventre da mãe e voltar a ser um bebezinho?

Se a história, relatada por João, terminasse aqui, certamente estaríamos especulando hoje se este "novo nascimento" enseja um ato sobrenatural: voltar a ser bebê.

Mas João continua com o relato e então ficamos sabendo que Jesus estava usando uma parábola (alegoria) para falar de coisas espirituais, e não terrenas.

Diante da ingenuidade de Nicodemos Jesus, pacientemente e cheio de compaixão, explica: "Na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus" (3:5).

Não era sobre coisas sobrenaturais que Jesus falava, mas espirituais.

Novo nascimento, assim como ressurreição, são processos espirituais: a água significa a pureza, o Espírito a renovação do velho homem a partir de uma relação íntima com Deus.

Não é Cristo quem precisa ressuscitar, mas NÓS (assim como não é Cristo quem precisa nascer de novo).

Ainda que pacientemente, Jesus ironiza aquele homem culto, devoto, porém tolo: "Tu és MESTRE de Israel e não sabes disso?" (3:10)...

JESUS NÃO INSULTA NOSSA INTELIGÊNCIA.

Acreditar que um homem pode ressuscitar em corpo após a morte é o mesmo que acreditar que ele pode nascer de novo voltando ao útero materno.

Jesus poderia estar nos dizendo: Vocês são tão inteligentes, avançaram tanto nas ciência, no conhecimento biológico do processo da vida e da morte, e ainda acreditam nisto?

Há outra história para ainda entender melhor: No livro de Mateus, o autor afirma que "as estrelas e o sol cairão..." na vinda do Filho do Homem.

Para um homem de sua época, acostumado a ver o sol "cair", se "levantar" e fazer uma órbita circular sobre sua cabeça todos os dias, nada mais natural que acreditar que o sol está preso por algum fio invisível no céu e que um dia esse fio possa se romper e ele, literalmente, caia.

Copérnico (e posteriormente Galileu) mostraram à igreja que a Terra não é o centro do universo e que também não é o sol que gira em torno da Terra

Não fazia mais sentido afirmar que o sol se move no firmamento em relação à Terra, pois é justamente o contrário.

Se o autor de Mateus fosse fazer uma revisão de seu texto nos dias de hoje, certamente não desprezaria esta importante descoberta científica.







Um comentário:

  1. O texto não responde à pergunta fundamental: como compatibilizar a doutrina bíblica e a científica do evolucionismo? Está cientificamente demonstrado que o homem primitivo era um primata recurvado que foi ficando de pé até transformar-se no "homo erectus". Como e quando isto ocorreu? É o que nos resta saber.

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