quarta-feira, 22 de julho de 2015

Deus revelado

A visão da Cabalá, trazida pelo Rabino Aaron, e a visão do teólogo José Castillo nos falam basicamente a mesma coisa: que Deus se revela ao mundo através do humano.
 
O ato da kenósis (despojamento de Deus de sua Transcendência e poder para descer ao nível da humanidade), revelada em Jesus (que a transmitiu à nós), nos inspira a vivermos e experimentarmos essa encarnação de tal forma que possamos revelar Deus ao mundo no nosso dia-a-dia, nas nossas relações humanas, enfim, em tudo que falamos, fazemos e pensamos.
 
José nos coloca a seguinte proposição: no final de tudo, no Juízo bíblico, não seremos cobrados pelo que fizemos ou deixamos de fazer a Deus, mas o que fizemos ou deixamos de fazer às pessoas com quem nos relacionamos.
 
"porque estive nu, com fome, preso... e não me vestistes, alimentastes ou libertaste..." Mateus 25.
 
 
 
 
 
Fontes citadas na postagem anterior.
 
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terça-feira, 21 de julho de 2015

A revelação do divino (Cabalá x Jesus)

Na interpretação da Cabalá, apresentado pelo Rabino Aaron, o Transcendente se apresenta também como o Imanente, aquele que habita no homem, se expressando através dele com atos de bondade, amor e compreensão, num processo de "panenteísmo", palavra derivada de pan (tudo), en (dentro) e teo (deus).

Já o teólogo José Castillo nos apresenta Jesus como aquele em quem o divino se revelou no homem através de atos de amor, mudando de forma radical o conceito que o judaísmo fazia sobre Deus como Aquele que se vinga, que odeia os inimigos de seu povo, que escolhe e exclui.


Ambas interpretações têm, como ponto em comum, que Deus não está distante, separado do homem, mas habita a humanidade e se revela através dela.

O ponto discordante nos parece ser, porém, que a Cabalá afirma que a imanência é uma nova interpretação dada pelos textos judaicos pós-exílio ao monoteísmo, uma interpretação que já existia desde sempre mas que só após a apreensão do conceito de que Deus é Uno se poderia ter, enquanto o teólogo José afirma que a imanência se fez a partir da humanização do divino na pessoa humana de Jesus e só a partir de então as pessoas passaram a ter uma nova interpretação de Deus como aquele que ama a todos indiscriminadamente.

Como questionamentos propomos o seguinte:

1.Se Deus se revelou só a partir de Jesus, como afirma José, o que existia anteriormente eram apenas especulações mal formuladas do divino presente no judaísmo?

2.Se o Deus amor e bondade já era preexistente a Jesus, como afirma a Cabalá, que importância teria a revelação do divino em Jesus, ainda que para o judaísmo Ele não represente o Messias?

Fonte:

1.Aaron, Rabino David. "A Vida Secreta de Deus", Ed. Sêfer;
2.Castillo, José M. "Jesus, A Humanização de Deus", Ed. Vozes.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Resultados

As instituições sobrevivem de resultados.

Instruir os fieis a construir, dentro de si, nos seus pensamentos e atitudes do dia a dia, o caráter de Deus, ensinando que todos nós somos uma centelha de Deus e que precisamos expressar Deus em nossas ações a cada momento não produz resultados imediatos, portanto não interessa à instituição.

A fé em Cristo para se salvar do inferno, isto sim, produz resultados imediatos.

O medo de morrer sem salvação leva as pessoas a procurarem a instituição em busca de redenção instantânea, e esta redenção deve ser renovada a cada culto, a cada ida a esta instituição, atendendo aos dogmas e contribuindo financeiramente para a existência desta organização.

No fundo, uma reedição da venda de indulgências combatida por Lutero no século XVI durante o movimento protestante.

Em consequência há um êxtase coletivo, como aquele êxtase produzido pelas drogas.

Ninguém questiona, ninguém evolui, ninguém contesta... por causa do MEDO.

É o princípio do medo que faz com que as instituições se estabeleçam, com todas as suas regras e hierarquias e privilégios.

Satanás e tudo associado a ele (inferno, tentação, doenças, etc) serve bem a este propósito ao ponto de podemos questionar se o diabo não é o principal acionista (sócio) das principais instituições eclesiásticas.

Assim como numa escola construir o saber é uma tarefa difícil e negligenciada pelas instituições de educação, preferindo-se os resultados imediatos que a ameaça de perder o ano produz, as instituições religiosas negligenciam a construção do caráter de Cristo.

"De tudo o que se têm ouvido, o fim é: teme a Deus e guarda os Seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem." Eclesiastes 12:13