Na interpretação da Cabalá, apresentado pelo Rabino Aaron, o Transcendente se apresenta também como o Imanente, aquele que habita no homem, se expressando através dele com atos de bondade, amor e compreensão, num processo de "panenteísmo", palavra derivada de pan (tudo), en (dentro) e teo (deus).
Já o teólogo José Castillo nos apresenta Jesus como aquele em quem o divino se revelou no homem através de atos de amor, mudando de forma radical o conceito que o judaísmo fazia sobre Deus como Aquele que se vinga, que odeia os inimigos de seu povo, que escolhe e exclui.
Ambas interpretações têm, como ponto em comum, que Deus não está distante, separado do homem, mas habita a humanidade e se revela através dela.
O ponto discordante nos parece ser, porém, que a Cabalá afirma que a imanência é uma nova interpretação dada pelos textos judaicos pós-exílio ao monoteísmo, uma interpretação que já existia desde sempre mas que só após a apreensão do conceito de que Deus é Uno se poderia ter, enquanto o teólogo José afirma que a imanência se fez a partir da humanização do divino na pessoa humana de Jesus e só a partir de então as pessoas passaram a ter uma nova interpretação de Deus como aquele que ama a todos indiscriminadamente.
Como questionamentos propomos o seguinte:
1.Se Deus se revelou só a partir de Jesus, como afirma José, o que existia anteriormente eram apenas especulações mal formuladas do divino presente no judaísmo?
2.Se o Deus amor e bondade já era preexistente a Jesus, como afirma a Cabalá, que importância teria a revelação do divino em Jesus, ainda que para o judaísmo Ele não represente o Messias?
Fonte:
1.Aaron, Rabino David. "A Vida Secreta de Deus", Ed. Sêfer;
2.Castillo, José M. "Jesus, A Humanização de Deus", Ed. Vozes.
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