A mensagem de Jesus aparentemente
pouco (ou nada) tinha haver com a esperança de ressurreição após a morte
biológica.
Sua mensagem dizia respeito à
chegada do Reino de Deus ao mundo através do novo nascimento – da água e do
espírito.
Ele chega a afirmar que “dos que aqui estão alguns não experimentarão
a morte até que tudo tenha se cumprido”. Uma esperança imediata, real.
Verdade é que Jesus fez vários
sinais – inclusive ressuscitar mortos. Porém estes sinais visavam chamar a atenção
para a chegada do Reino e dar autenticidade à Sua autoridade, e não se tornar o
fim em si mesmos.
Após a ressuscitação de Jesus, a
bíblia relata que muitos cristãos não creram, e até os discípulos e Maria
Madalena se espantaram do ocorrido ate que um “anjo” lhes anunciasse a “boa
nova da ressurreição”. Ou seja, ressurreição biológica era algo não cogitado
pelos cristãos que ouviram e conviveram com Jesus.
Coube a Paulo lançar as bases de
uma teologia que devolvesse fé e esperança aos novos convertidos confusos com a
morte de seu messias prometido.
Recém-convertido, de elevada
cultura e inteligência, este apóstolo tardio desenvolveu a doutrina da
esperança no Cristo ressurreto dos mortos, passando a ser esta a razão máxima
da fé cristã, como ele coloca em suas epístolas.
A partir deste momento, a fé na
ressurreição dos mortos tomou o lugar da fé simples de uma vida “no espírito”, como Jesus
havia ensinado, a tal ponto que o próprio Paulo passa a afirmar que não pode
haver esperança sem ressurreição da morte física.
Minha pergunta é: apesar das boas
intensões de Paulo em devolver esperança aos novos crentes, a supervalorização
da ressurreição não desviou a fé daquilo que era mais importante no ensino de
Jesus, ou seja, uma vida plena através de uma “nova vida” vivida na consciência de que o espírito de Deus habita o interior
do homem e que por isso ele deve abandonar as obras da carne?
E se a ressurreição de Jesus for
um mito? Sua mensagem pura de um novo nascimento no espírito poderá subsistir e
revolucionar o cristianismo atual?
Poderia Cristo continuar a reinar em nossos corações se o mito da
ressurreição morresse?
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