Com a palavra, a escritora Karen Armstrong:
"Desde o princípio, autores bíblicos sentiram-se livres para rever os textos que haviam herdado e deram-lhes significados inteiramente diferentes. Exegetas posteriores apresentaram a Bíblia como um modelo para os problemas de seu tempo".
A Bíblia é a expressão da verdade, portanto não pode ser engessada por uma teologia dogmática e inquestionável, como costumam pregar as igrejas mais interessadas em perpetuar o status hierárquico de sua doutrina a discutir formas atuais de rever os princípios das Escrituras Sagradas.
Continuando com Karen:
"A Bíblia "provava" ser sagrada porque as pessoas descobriam continuamente novos meios de interpretá-la e julgavam que esse conjunto difícil e antigo de documentos lançava luz sobre situações que seus autores originais jamais poderiam ter imaginado. A revelação era um processo incessante; não ficava confinada a uma teofania (manifestação divina) distante no monte Sinai; exegetas continuavam a tornar a Palavra de Deus audível em cada geração."
As Escrituras são inspiradas não porque contêm elementos sobrenaturais ou fórmulas mágicas, mas porque podem ser interpretadas no tempo e no espaço sociocultural que a contém. Os judeus buscavam interpretar a ação de Deus à luz da revelação, criando, a partir dai, novos rumos e interpretações que mantiveram o povo unido, ao londo de tantos séculos, pela fé em Javeh.
Gosto muito do versículo "EM TUDO DAI GRAÇAS". Não significa que, ao recitá-lo, Deus vai intervir "poderosamente" em uma situação desfavorável, mas o simples pensamento e reflexão sobre estas palavras bíblicas sempre me trouxe plenitude e paz interior pelo qual jamais duvidei que estas palavras fossem inspiradas por Ele.
Finalizando com Karen:
"Quando o templo dos judeus foi destruído (primeiramente pelos babilônios, em 586a.C. e depois pelos romanos em 70d.C.), eles tiveram de encontrar uma nova maneira de descobrir shalom (completude que traz a paz) num mundo trágico e violento (...) a cada vez a destruição levou a um intenso período de atividade de Escritura, à medida que eles procuravam a cura e a harmonia nos documentos que se tornariam a Bíblia."
Armstrong, Karen, A Bíblia (Uma Biografia), p. 11/13.
Conheça a escritora numa palestra intitulada "A perdida arte do diálogo" :
https://www.youtube.com/watch?v=Y_aRxiFJEVk
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