terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A LIÇÃO DE SÓCRATES

"Em 399 a.C., três cidadãos de Atenas acusaram Sócrates de não reconhecer os deuses tradicionais e propor novas divindades. A pena para esse choque de visões de mundo, ou de deuses, era a morte. Durante o julgamento, Sócrates recusou-se a abjurar para escapar da sentença de culpado. De acordo com Platão, ele teria dito: "Enquanto eu respirar e conservar minhas faculdades, não cessarei de praticar a filosofia".(1)

Quando Deus faz uma revelação ao homem, Ele a faz por completo através da fé, da emoção, razão, inteligência, corpo e alma.

Negar ao homem a capacidade de questionar um axioma que foi estabelecido pelas culturas e gerações passadas como "verdade" absoluta, é negar a Deus a capacidade de poder respondê-lo acima de suas expectativas e necessidades intelectuais inclusive.

(1) Ciência x Espiritualidade, Deepak & Leonard, p. 11



domingo, 20 de janeiro de 2013

DEUS EXILADO

Os judeus tinham uma visão sobre Deus diferente da visão do cristianismo.

Para o judeu, Deus estava no centro da ação. 

Diferentemente do cristianismo, os judeus não esperavam seu messias vindo "do céu", assim como não compartilhavam da crença de que este "céu" era o lugar para onde um ressuscitado deveria ir após a morte. Para o judeu, o reino de Deus se estabeleceria aqui mesmo, na terra, ainda durante a geração que conheceu o messias.

A primeira tentativa de expulsar Deus do centro aconteceu quando os judeus pediram ao profeta Samuel para lhes ungir um rei... um rei que caminhasse à frente das suas guerras.  

A bíblia registra a tristeza de Deus: "Ouve, Samuel, a voz do povo em tudo quanto te disser, pois não te têm rejeitado a ti; antes, a mim me tem rejeitado, para eu não reinar sobre ele." I Samuel 8:7.

A segunda tentativa de expulsar Deus do centro foi quando os autores e bispos dos primeiros séculos do cristianismo, querendo formar uma estética religiosa para a nova crença no nazareno, criaram um "céu" distante e recluso, nos moldes do Olímpus dos deuses da mitologia helênica, e O colocaram neste exílio.

O que o novo evangelho precisa fazer é convidá-lO a descer e interagir, ensinar a humanidade a AMAR como Ele amou.

Se pensarmos em nós mesmos sob a perspectiva do ato de amar, certamente não nos sentiremos tão dignos de salvação, qualquer que seja o plano ou estratégia de redenção dos pecados.

É por isso que o cristão moderno é tão despreparado para o exercício real do ato de amar?

Seria preciso Jesus voltar hoje e, decepcionado, perguntar: "vocês não entenderam nada? Criaram religiões  e igrejas quando eu queria simplesmente que vos amassem uns aos outros?"


Contatos: pereirarquiteto@ig.com.br


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

AS BOAS NOVAS

"A fé cristã é, e continua sendo, uma atitude de completa e absoluta entrega ao Deus salvador, cujo amor para com os humanos irradia na vida de Jesus de Nazaré. Essa fé incondicional encontra sua origem e orientação na Igreja primitiva. Não devemos perder nunca essa orientação. Como cristãos, somos sempre herdeiros do início.

O cristão deve estar disposto a "dar razão de sua esperança" (I Pedro 3:15) aos não cristãos. Deve estar pronto a mostrar claramente, às pessoas modernas, a riqueza de sentido de sua confissão.

Não recebemos nossa fé para guardarmos para nós mesmos, cuidadosamente embalsamada e enterrada com segurança no campo do passado, e sim para espalha-la e semeá-la. Nossa fé quer penetrar a cultura da modernidade de tal modo que esta se torne uma imagem promissora do reino de Deus. Para isso, a boa nova deve ser traduzida para a linguagem da modernidade. Caso contrário, seria de temer que deixasse de ser uma boa nova."

Pe. Roger Lenaers

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

QUEM É JESUS

O sermão proferido por um pastor começava assim: "Vocês sabem quem é Jesus? Jesus é o verbo encarnado de Deus!"
O que é "verbo encarnado?" Em muitos anos de prática cristã sempre tive dificuldade em entender isso. Se dizia que verbo é "palavra". A palavra de Deus encarnada? Ficou na mesma.
Quem disse isso? Jesus se declarou o verbo encarnado? Acho que nem Ele poderia explicar o que é isso, assim como não poderia explicar como pode ser três pessoas e uma ao mesmo tempo. Nem consigo imaginar Jesus, do alto do monte, pregando para as multidões sofridas, pobres e analfabetas: "eu sou o verbo encarnado"...
teologia do "verbo encarnado" surgiu cerca de 90 anos após a morte de Jesus. Foi o evangelho segundo João quem a declarou.
Certamente João achou que tudo o que se poderia escrever sobre a vida e a mensagem de Jesus já havia sido dito pelos evangelhos sinóticos (Marcos, Mateus e Lucas) e por Paulo em suas cartas, então resolveu inovar: criou uma séria de conceitos teológicos, de cunho acadêmico: Jesus é a videira verdadeira; o pão da vida; o verbo encarnado.
Quem é Jesus?
Jesus foi um judeu simples com uma mensagem simples: AMAI-VOS UNS AOS OUTROS COMO EU VOS AMEI! Esta mensagem reverbera por todas as gerações e nos alcançou como prova de que é plano de Deus (que é AMOR, segundo João) que nos salvemos pelo amor, para o amor e por causa do amor.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

UM NOVO EVANGELHO

Um princípio básico que o cristão da teonomia (Deus no centro, e não "em cima") deve incorporar é   que as palavras que Jesus "disse", nos evangelhos, não são textos literais e históricos, são interpretações livres do autor.

Quando o primeiro evangelho foi escrito (Marcos) provavelmente Jerusalém já havia sido completamente arrasada pelos romanos. Qualquer coisa escrita sobre Jesus, ou que ele tenha registrado de próprio punho, se perdeu nos escombros: "não há de ficar pedra sobre pedra".

Os evangelistas foram pessoas devotas e admiradoras de Jesus. Escreveram os evangelhos em uma época difícil, pois estavam escrevendo sobre um inimigo do estado dentro deste estado. Podiam ser denunciados e mortos. Mas queriam, acima de qualquer risco, comunicar ao mundo a força que a mensagem de Jesus trouxe àquelas gerações contemporâneas a eles. Para a cultura da época talvez fosse importante escrever como se Jesus textualmente tivesse dito as palavras que foram escritas, caso contrário não teria a aceitação e a devoção que tiveram por parte daquelas comunidades iletradas, inclinadas ao místico, ao apoteótico. Um marketing eficiente.

Este misticismo das primeiras comunidades cristãs pode ser encontrado no evangelho segundo João com a seguinte declaração de Jesus: "Porque me viste, Tomé, creste? Felizes os que não viram e creram".

O crente moderno precisa crer naquilo que não foi escrito, naquilo que não foi dito, naquilo que não foi registrado. Ele deve fazer voar sua fé nas asas da inteligência e libertar o evangelho das correntes do passado. É preciso desvencilhar-se um pouco do testemunho daqueles que "viram", redescobrir Jesus no nosso contexto, estar entre os que, ainda que não O "viram", "creram" para a glória eterna de Deus.

Não podemos esquecer que:

1.Foi a interpretação literal daquilo que Jesus "disse", e não daquilo que queria dizer, que mergulhou o mundo no período mais insano da história, a idade das trevas.

2.Foi a interpretação literal daquilo que Paulo dizia sobre os judeus terem sido os culpados pela morte de Jesus que, ironicamente, levou o povo "escolhido por Deus" ao holocausto. Hitler soube explorar, com habilidade, este preconceito do cristianismo em relação aos judeus


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013


JESUS É AMOR

Um fiscal de trânsito pára um motorista que acaba da cometer uma infração e começa a falar: “Bom dia, cidadão. A velocidade que o senhor estava desenvolvendo na via coloca em risco a vida de outros motoristas e dos pedestres, além da sua própria. É preciso entender que o bem mais precioso que temos é a vida e por isso é importante que o senhor perceba o outro como uma extensão de si mesmo. Não apenas isso, mas essas pessoas têm família, muitos são pais, filhos, esposos e esposas e, pondo em risco cada uma delas, o senhor põe em risco toda a sobrevivência de uma geração...”
O guarda ia continuar quando, irritado, o infrator o interpela: “Seu guarda, dá pro senhor lavrar logo essa multa e me liberar???”

Esta é a diferença entre a mensagem de Jesus e o sistema que se chamou posteriormente de “cristianismo”.
Jesus ensinou o AMOR. O cristianismo desenvolveu uma série de regras e fórmulas que se afastou completamente da mensagem simples e pura daquele em quem pretendia se inspirar.

Jesus disse: “Eu e o Pai somos um.”
Quem é o Pai? João, inspirado, proclamou: “Deus é AMOR”.

É tão atraente e conveniente entrar na discussão, sem méritos, sobre se o crente perde ou não a salvação, se cai ou não da graça, se perde ou não o galardão, se existe ou não céu e inferno, se Deus é um ou três pessoas, se Maria foi virgem ou não, se fazer isso ou aquilo é pecado... (e tantas outras regras e condições) do que acordar, a cada manhã, se perguntando: o que devo fazer hoje para amar o meu próximo? Dar um simples bom dia, tentar compreender as necessidades dos meus colegas e amigos, procurar compreender os motivos daquele que me tem como inimigo, colocar as vezes a razão de lado sendo menos EU e mais NÓS, sacrificar um pouco do meu tempo para ouvir o outro...

Viver como “crente” é fácil. Viver em amor é uma tarefa diária, persistente, exige sacrifício (como Jesus se sacrificou), disposição mental em melhorar, negação da natureza, tomada de decisão, superação, renovação...

Observar as regras nos conduz a uma falsa sensação de segurança do tipo: “porque observei as regras “sinto” que não pequei, por isso estou na graça e não perdi meu galardão nem a salvação, portanto não vou para o inferno como os outros pecadores miseráveis...” uma forma mesquinha de viver o evangelho e que nada tem a ver com o AMOR.