quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

UM NOVO EVANGELHO

Um princípio básico que o cristão da teonomia (Deus no centro, e não "em cima") deve incorporar é   que as palavras que Jesus "disse", nos evangelhos, não são textos literais e históricos, são interpretações livres do autor.

Quando o primeiro evangelho foi escrito (Marcos) provavelmente Jerusalém já havia sido completamente arrasada pelos romanos. Qualquer coisa escrita sobre Jesus, ou que ele tenha registrado de próprio punho, se perdeu nos escombros: "não há de ficar pedra sobre pedra".

Os evangelistas foram pessoas devotas e admiradoras de Jesus. Escreveram os evangelhos em uma época difícil, pois estavam escrevendo sobre um inimigo do estado dentro deste estado. Podiam ser denunciados e mortos. Mas queriam, acima de qualquer risco, comunicar ao mundo a força que a mensagem de Jesus trouxe àquelas gerações contemporâneas a eles. Para a cultura da época talvez fosse importante escrever como se Jesus textualmente tivesse dito as palavras que foram escritas, caso contrário não teria a aceitação e a devoção que tiveram por parte daquelas comunidades iletradas, inclinadas ao místico, ao apoteótico. Um marketing eficiente.

Este misticismo das primeiras comunidades cristãs pode ser encontrado no evangelho segundo João com a seguinte declaração de Jesus: "Porque me viste, Tomé, creste? Felizes os que não viram e creram".

O crente moderno precisa crer naquilo que não foi escrito, naquilo que não foi dito, naquilo que não foi registrado. Ele deve fazer voar sua fé nas asas da inteligência e libertar o evangelho das correntes do passado. É preciso desvencilhar-se um pouco do testemunho daqueles que "viram", redescobrir Jesus no nosso contexto, estar entre os que, ainda que não O "viram", "creram" para a glória eterna de Deus.

Não podemos esquecer que:

1.Foi a interpretação literal daquilo que Jesus "disse", e não daquilo que queria dizer, que mergulhou o mundo no período mais insano da história, a idade das trevas.

2.Foi a interpretação literal daquilo que Paulo dizia sobre os judeus terem sido os culpados pela morte de Jesus que, ironicamente, levou o povo "escolhido por Deus" ao holocausto. Hitler soube explorar, com habilidade, este preconceito do cristianismo em relação aos judeus


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