Até a antiguidade grega, acreditava-se que Deus era o organizador do cosmos, sendo este eterno como Aquele.
A busca por Deus se refletia, portanto, numa caminhada de reflexão e contemplação da natureza através da qual a alma humana se eleva até o encontro purificador e salvífico com o seu criador.
Com a ascenção do cristianismo ao patamar de religião oficial do estado romano (século IV d.C.), houve a necessidade de se definir uma teologia própria, oportunamente inquestionável, afinal adquirira status político e social. Era mister fundamentar uma identidade própria que estabelecesse uma mensagem objetiva, clara, de fácil assimilação e que fosse ao encontro dos anseios dos interlocutores.
Neste contexto foram sendo firmados os dogmas da igreja ortodoxa: a divindade de Jesus, a santíssima trindade, o cânon, o culto à Maria, o celibato, etc.
Foi nesta época, também, que a ideia dos antigos filósofos gregos sofreu uma mudança radical: Deus não é mais o organizador (como pensavam) mas aquele que criou o cosmos à partir do...
Nada!
Nada!
Em um momento qualquer, na atemporalidade de Sua existência, Deus resolveu criar todas as coisas, sem qualquer premissa anterior.
Porém, a partir desta nova forma de entender a criação como ato divino absoluto, dois problemas passaram a ser discutidos nos círculos daqueles que ainda resistiam a esta idéia:
1.Se nada existia antes, então o mal foi criação de Deus?
2.Se Deus criou todas as coisas, é possível dissassociar Deus do objeto criado, colocando o criador e a humanidade em lados opostos, surgindo como consequência, a figura do mediador, cuja atribuição passou a ser habilmente exercido pela igreja.