segunda-feira, 7 de abril de 2014

Ao Deus Desconhecido

"Uma das condições para obter conhecimento sempre foi a disposição de abandonar o que pensamos que sabemos a fim de avaliar verdades que nunca sequer imaginamos." (1)

Uma frase de um filme me marcou bastante: "é preciso esvaziar o que está cheio e encher o que está vazio." 

Considerando que Deus é aquilo (ou aquele) que nem podemos imaginar, que é um erro afirmar que Ele seja um "ser supremo" conquanto Ele nem mesmo é um "ser", temos que partir do princípio de que aquilo que sabemos (ou pensamos que sabemos) sobre Ele é produto da percepção de uma época, uma cultura, um estilo, e deixar que a Sua suprema ausência preencha aquilo de que realmente precisamos hoje para voltar a praticar a fé e trazer de volta a religião ao lugar em que sempre esteve: o centro de toda a vida humana (social, política, econômica, ética e estética).

Israel mesmo passou por esta experiência quando o templo de Salomão, onde acreditavam que Deus habitava, foi destruído pelos Babilônicos e o povo arrancado de sua terra e de suas tradições. Os judeus, então, tiveram que "reinventar" Jeová. Nasceu o Deus da Torá, a Lei!

"Vemos, hoje, muito dogmatismo religioso e secular, mas também há uma crescente percepção do valor do desconhecido." (1)

Que o "Deus Desconhecido" nos revele hoje aquilo que sobre Si ainda há por ser conhecido (ainda que jamais da sua essência, mas pelo menos na sua contextualização contemporânea).

Amém!


(1) Karen Armstrong, Em defesa de Deus. p.18

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