A ausência derruba qualquer expectativa, apego ou pessoalidade, aponta para um vazio a ser preenchido, a certeza de que a verdade está além.
A ausência de Deus fez com que Israel buscasse Sua transcendência em cada época da sua existência, revendo, reinterpretando, atualizando e reinventando a Lei.
Quando Moisés recebeu a Torá Escrita no monte Sinai, imediatamente uma nova Torá teve início: a Torá Oral.
A Torá Oral não era a mera repetição da Lei (a Torá Escrita), mas as discussões posteriores em torno da Lei buscando ampliá-la e atualizá-la constantemente.
Na Torá Escrita, se considerava o que Deus DISSE!
Na Torá Oral, o que Deus ESTÁ DIZENDO?
Três séculos depois um novo grupo de rabinos entendeu que a Mishnah continha muitos pontos de difícil interpretação e que precisavam de uma nova adaptação aos novos tempos: publicaram o Talmud (que teve duas versões: o Talmud de Jerusalém (séc. V) e o Talmud da Babilônia (séc. VI).
É importante destacar que estas novas interpretações da Lei não tinham a pretensão de a substituírem, pelo contrário, eram um complemento dos textos sagrados, uma espécie de versão ampliada.
Foi desta forma que a fé de Israel sempre se manteve vida, atual, participante da história do povo, e não uma tradição distante e impessoal em que as pessoas deveriam acreditar fria e cegamente.
Os judeus tinham a consciência de que a Lei não era imutável. Adorar a própria Lei seria considerado um ato idólatra.
A bíblia identifica um momento histórico em que essa reinterpretação da Lei acontece: com Esdras, após o cativeiro babilônico (586 a.C.) - o livro de Deuteronômio significa "segunda Lei".
O Novo Testamento, como o nome diz, é o Testamento (velho) reeditado, ou seja, no início da era cristã os novos judeus convertidos interpretavam Jesus dentro do contexto do judaísmo (o messias), sem a intensão de criar uma nova religião ou crença, sendo Jesus, portanto, a nova esperança do Deus ausente que não esquecera do seu povo amado e que agora se manifestava cumprindo sua promessa ao enviar o Messias prometido aos profetas.
O próprio Jesus nos dá o exemplo de como é importante manter atualizada a Lei a partir de uma reinterpretação: "o sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado" (Marcos 2:27).
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Constantino no Concílio de Nicéia (Séc. IV d.C.) |
Tudo isso mudou quando um homem inteligente, culto e temperamental deliberadamente proclamou, através de um movimento solitário, o rompimento com o judaísmo: Paulo de Tarso. Movimento que, porém, deixou de ser solitário quando um imperador astuto aproveitou para proclamar, politicamente, uma nova religião: o cristianismo.
Vamos expor um pouquinho como eram as congregacoes messianicas logo apos a morte de Yeshua, ou as 'congregacoes primitivas' como gostam tantos de chama-las, mas apenas esquecem de se voltar a esses moldes e concluido que nenhuma congregacao ou IGREJA hoje possui essas caracteristicas pois das origens se desviaram ha muito tempo:
ResponderExcluirCaracterísticas das comunidades mêssianicas do Primeiro Século:
ResponderExcluirPor David Shem Tov
1. Esperavam a restauração do Reino físico de YHWH (At 1.6,7);
2. Estava preparada para ser perseguida (At 1.8);
3. Seu ponto de partida era Jerusalém (At 1.4,8);
4. Esperava o Mashiach da mesma forma como o viram subir aos Céus (At 1.11);
5. Cumpria com a tradição de leitura da Torah em tempo de festas (At 2.1,5);
6. Os líderes eram escolhidos pela Ruach HaKodesh, através de tradições judaicas pré-estabelecidas pelos Emissários (At 1.14-26);
7. Manifestavam em suas vidas os dons da Ruach (At 2.4);
8. Sua fidelidade estava centrada na ressurreição (At 2.32);
9. Imergiam segundo o rito judaico dos prosélitos (At 2.38);