quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

"o corpo desta morte..." (a humanidade de Paulo)

NOTA DE INTRODUÇÃO
Diferentemente de Davi, que teve sua humanidade pecaminosa completamente exposta, as contradições da humanidade do apóstolo Paulo não é bem percebida quando se lê o Novo Testamento sob uma perspectiva exclusivamente devocional.

Não se pode dizer que Paulo era uma mentira, um oportunista de marca maior, mas podemos verificar que assim como Davi produziu uma vida a serviço de Deus sem esconder sua natureza, Paulo também permitiu que sua fosse registada pelo amigo Lucas e nas suas próprias cartas (consciente ou inconscientemente).

INTERLÚDIO I

Cerca de uma década após a morte de Jesus, estavam os apóstolos reunidos quando aparece aquele ex-perseguidor de cristãos, chamado Saulo de Tarso, dizendo que havia tido uma experiência com o Mestre a caminho de Damasco.

A partir de então os apóstolos da fé são obrigados a "engolir" este novo irmão e suas idéias contrárias àquelas pregadas pelos líderes da comunidade cristã em Jerusalém: Tiago, irmão de Jesus, Pedro e João.

Mas... o que sente Paulo pelos apóstolos? Que sentimento ele passa a desenvolver por aqueles que se consideravam os herdeiros da fé de Jesus, incumbidos da missão de dar continuidade aos seus ensinamentos?

INTERLÚDIO II

- Paulo se considera melhor do que os apóstolos: "São ministros de Cristo? Eu ainda mais..." (II Cor 11:22-23).

- Paulo demonstra desprezo pelos líderes da igreja em Jerusalém (Tiago, Pedro e João) ao citá-los, pejorativamente, como "os chamados pilares da Igreja" (Gal. 2:9), afirmando ainda que "estes (os apóstolos) que pareciam alguma coisa... em nada contribuíram a mim" (Gal. 2:6).

- Enquanto Jesus percorreu a Galiléia escolhendo seus apóstolos a dedo, Paulo se considerava o primeiro e maior dos apóstolo, recebendo diretamente de Jesus uma nova doutrina:"...aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios." (Gal. 1:15-16).

- Paulo abomina completamente a Lei de Moisés e as práticas judaicas, a marca por excelência da nação de Israel: 2 Cor. 3:7-8, Filipenses 3:2.

- Enquanto Jesus afirmou que não veio ab-rogar a Lei ou os profetas, mas cumprir,  Paulo declara: "Porque o fim da lei é Cristo..." (Rom 10:4).

INTERLÚDIO III

A trajetória de Paulo no livro de Atos é tumultuada e contraditória em alguns momentos.

Apresentando-se como apóstolo de Cristo, ele comunga, por algum tempo, da companhia dos apóstolos até se sentir confortável a expor suas ideias anti-judaicas.

Sendo naturalmente rejeitado pela comunidade judaica, Paulo demonstra todo seu ódio e desprezo amaldiçoando-os e afirmando que, a partir dali, se dedicará exclusivamente a pregar aos gentios (At 18:6).

Mais tarde, sendo inquirido pela igreja em Jerusalém sobre sua "nova doutrina", Paulo dissimula acatar a repreensão de Tiago cumprindo o ritual da Lei de Moisés no Templo judeu. (At 21:22-26).

INTERLÚDIO IV

Paulo se auto-intitulou "apóstolo" de Cristo, apresentando, como "prova", seu próprio relato de que Jesus apareceu para ele a caminho de Damasco, de forma apoteótica, irresistível e teatral. 

Considerando o caráter de Paulo, podemos considerar a possibilidade de que teria inventado esta história para impor sua autoridade aos apóstolos e, futuramente, se sobrepor à eles aproveitando-se de seu refinado conhecimento em cultura mítica greco-romana.

Sendo educado, alfabetizado e gozando de privilégios entre os doutores do Templo, a quem servia antes de se converter, não é difícil imaginar o desprezo que sentiu por aqueles 12  "caipiras" judeus que se diziam sucessores da fé de Cristo.

A destruição completa de Jerusalém (70dC), dispersando aqueles "caipiras" e sua doutrina cristã-judaica, foi a oportunidade que a história lhe trouxe para difundir, sem oposição, suas novas ideias, banindo de uma vez por todas a veneração à Lei de Moisés além de 1000 anos de glórias e tradições vividas pelo povo de Israel.

INTERLÚDIO FINAL

Anos depois, amadurecido e acomodado em Roma, Paulo para e reflete sua trajetória de vida e sua relação com a extinta igreja em Jerusalém. É quando sua consciência o leva a declarar: "miserável homem que sou. Quem me livrará do corpo desta morte!"

Já seria tarde demais? Pedro seria declarado sucessor ao trono de Cristo e um movimento antissemítico estava em curso para sepultar de vez a religião de Israel e institucionalizar a fé, transformando-a, três séculos depois, em um instrumento de poder e manipulação.



terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Extra! Extra: uma nova pista!

Nesta nossa trajetória em busca da essência da fé, nos deparamos com uma nova pista.

Além do Livro de Atos, que nos conduz aos primórdios da fé dos primeiros seguidores de Jesus (logo chamados de cristãos), também o livro de Tiago nos trás uma importante pista. Por que?


Tiago se tornou o líder dos apóstolos na nascente comunidade de Jerusalém, natural sucessor de Jesus (a despeito de a igreja ortodoxa romana afirmar, convenientemente, que teria sido Pedro o sucessor de Cristo).

Sendo irmão de Jesus, Tiago compartilhou de sua vida, seu pensamento, suas palavras, de tal maneira que, naturalmente, se tornou um líder respeitado nesta comunidade.

O livro de Atos aponta para Tiago como aquele que defende os princípios da comunidade em Jerusalém. Ele não se deixa envolver pelos argumentos de Paulo sobre a salvação pela fé sem as obras da Lei, pelo contrário, é um inflexível defensor de uma doutrina judaica-cristã, segundo alguns, aquela que Jesus teria defendido.

Atos expõe claramente àqueles que se propõem a estudá-lo historicamente, o caráter rebelde, vingativo, rancoroso, dissimulado e intransigente de Paulo.("O corpo da sua morte" que ele tinha que carregar consigo, apesar de convertido?)

Sua formação culta (quando os apóstolos eram analfabetos) e o fato de ter explorado a linguagem escrita (em oposição à linguagem simplesmente oral dos apóstolos) lhe trouxeram enormes vantagens para que suas idéias se sobrepusessem às dos apóstolos, principalmente após a morte de seu líder maior, Tiago (62dC), e a destruição completa de Jerusalém (70dC) quando as assembleias em Jerusalém foram dispersas e os princípios defendidos pelos apóstolos pulverizados uma vez para sempre.

Tiago resistiu a Paulo, tentando dissuadi-lo  de continuar pregando o abandono completo do judaísmo por aqueles que se convertiam ao Cristo, conceito este que Paulo intensificou após ser rejeitado pelas comunidades de cristãos-judeus por onde passava, após afirmar ressentido: "O vosso sangue seja sobre a vossa cabeça; eu estou limpo e, desde agora, parto para os gentios." At. 18:6

Podemos perceber que, no primeiro século, havia uma espécie de "guerra fria" entre as idéias de Tiago e as idéias de Paulo.

Enquanto Paulo escrevia às comunidades exortando que "a salvação é pela graça sem as obras da lei", Tiago enviava pastores à estas comunidades exortando a tomarem cuidado com aqueles que ensinavam uma doutrina diferente daquela que a comunidade de Jerusalém ensinava, afirmando que "a fé sem obras é morta".

Para finalizar, uma pista importante: diante do conceito e do valor que tinha Tiago para a igreja de Jerusalém e para as primeiras comunidades cristãs no I século, Paulo se retratou publicamente! (Atos 21: 17-26).






sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Breve leitura

Estou concluindo a seguinte leitura:


O autor iraniano Reza Aslan defende a tese de que Jesus, além da dimensão religiosa, foi também um revolucionário no campo social, político e econômico, perspectiva essa que lhe foi negada pelos autores evangélicos na expectativa de fugir de confrontar as novas comunidades cristãs com as autoridades romanas, o que foi bastante conveniente às aspirações do imperador Constantino para consolidação e expansão de seu poder.

Ele defende sua tese a partir da declaração de Jesus: "Não cuideis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada." (Mateus 10:34)

Vivendo uma época em que o subjugado povo judeu era explorado tanto pelo cruel império romano quanto pela corrupta elite sacerdotal do Templo, Jesus não teria sido insensível ao sofrimento do seu povo quando afirmou, por exemplo: "Bem aventurado os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos." (Mateus 5:6)

Desta forma, segundo o autor, a pregação de Jesus era pelo estabelecimento do Reino de Deus sob uma perspectiva não espiritual, distante, mas sob uma perspectiva factual, messiânica e contemporânea ("Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que não provarão a morte sem que vejam chegado o Reino de Deus com poder." Marcos 9:1).

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Atos dos Apóstolos - I

Um autor coloca que talvez o episódio da conversão de Paulo (luz intensa, soldados atônitos, a cegueira, a voz que só ele conseguia ouvir), que interrompeu sua viagem a Damasco quando ia prender aqueles da "nova seita", não seja mais que uma história digna das famosas tragédias gregas encenadas nos teatros (com as quais Paulo certamente estava bastante familiarizado).

Para cativar o interesse e a atenção dos gentios para o seu ministério (e os gregos representavam o mundo culto da época), é natural que Paulo tenha utilizado uma forma comum de comunicação de massas de sua época (a mídia local): o drama.

Para os que buscam a verdade, porém, o que importa é a essência, a mensagem.

A luz de Paulo foi a sua consciência ao ser despertada pelas palavras que ouviu em seu coração: "Saulo, Saulo, porque me persegues?"

Naquele momento Paulo teve a percepção de quem ele era e porque fazia aquelas coisas horríveis contra os seguidores daquela seita que ele nem conhecia direito:

"eu sou um homem sujeito às mesmas paixões que vocês (gregos)"

"o bem que quero não faço, mas o mal que não quero este faço"

"miserável homem que sou... quem me livrará do corpo desta morte?"

Ele era um perseguidor porque havia ódio em seu coração... e havia ódio em seu coração porque não havia esperança dentro dele; andava em trevas.

A luz lhe mostrou o quanto andava cego (assim como cego ficou por uma semana até voltar a enxergar com outros olhos, os olhos da fé).

Esta foi a mensagem de Cristo: ter esperança. 

Jesus ensinou que o Espírito de Deus habita o interior do homem.



segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Atos dos apóstolos - breve introdução

“...examinando cada dia, nas Escrituras, se estas coisas eram assim.” At. 17:11


Após a pregação de em Tessalônica, Paulo foi enviado à cidade de Bereia para pregar o evangelho. 

Aqueles que o ouviram aceitaram com alegria a mensagem, porém não se sentiram constrangidos de examinar as Escrituras, verificando se o que eles estavam ouvindo era assim mesmo.

A religião deve criticar a própria religião. De tempos em tempo é hora de verificar as tradições religiosas e examinar, nas Escrituras, "se estas coisas eram assim"...

Atos dos Apóstolos apresenta os primórdios do caminho trilhado pelos apóstolos para fortalecer a fé dos novos convertidos na esperança da vinda do reino de Deus, conforme as Escrituras.

Eram tempos difíceis. Havia muitos falsos profetas confundindo as congregações, muitas discórdias doutrinárias (se a salvação deveria ser exclusiva dos judeus ou extensiva aos gentios), muitas perseguições, emboscadas e prisões esperando os apóstolos em cada cidade.


Atos foi escrito aproximadamente duas décadas após a morte de Jesus. Não é um livro devocional, mas histórico-documental. Está muito bem amarrado às datas em que autoridades romanas estiveram no poder, apresentando com bastante fidelidade um relatório das viagens missionárias de Paulo e seus companheiros.

Na sua defesa perante o governador romano Félix, Paulo emprega um termo muito apropriado ao se referir ao que os judeus acusam de "seita". Ele o chama de Caminho!

O evangelho é Caminho, Jesus é O Caminho...

"Conforme àquele Caminho, sirvo a Deus crendo tudo que está escrito na Lei". (At. 24:14)

sábado, 2 de novembro de 2013

Atos dos apóstolos

Passei algum tempo lendo diversos autores, suas opiniões e conceitos sobre temas religiosos.

Dentre os que li, destaco:

1."Quem Jesus foi, quem Jesus não foi", de Bart D. Ehrman. Neste livro o autor faz um levantamento das principais inconsistências por trás do NT com relação à vida de Jesus, mas em nenhum momento afirma que estejam erradas porém fruto de uma contextualização natural.

2."Outro cristianismo é possível", do Pe. Roger Lenaers. Ele afirma que a doutrina da fé construída sob o axioma de conceitos medievais perdeu sua validade, não perdendo, no entanto, a própria mensagem da fé.

3."Jerusalém, Jerusalém", de James Carroll. Ele demonstra como a força mística da Cidade Santa tem inflamado, ao longo de quase 5000 anos de história, as principais religiões do planeta: judaismo, islamismo e cristianismo.

4."Ciência x espiritualidade", Deepak Chopra e Leonard Mlodinow. Duas visões distintas de mundo: um defende que a realidade existe numa consciência que antecede a vida no Universo e o outro acredita que só a física pode explicar a criação do cosmos. Um debate intrigante, porém respeitando os pontos de vista do outro.

5."O paradoxo da Serpente", de Silvio Fiorani. Cristianismo, a fé usurpada.

6."Ressurreição, história e mito", de Geza Vermes. "O dilema a ser enfrentado e resolvido (neste livro) é como reconciliar a extrema importância atribuída à ressurreição, pela cristandade, com o muito limitado montante de interesse perceptível pelo tema no ensinamento autêntico de Jesus".

Porém agora está na hora de ler o maior de todos os livros, a bíblia, e pedir orientação a Deus para chegar um pouquinho mais perto da verdade que se possa permitir a um amador, mortal e pecador como eu.

Meu estudo começa por Atos dos Apóstolos, por ter sido o primórdio da florescente fé em Jesus.

Ali a fé ainda não sofreu influências de teólogos, doutrinadores, exegéticos, e principalmente do cristianismo ortodoxo romano do IV século (aliás os primeiros seguidores de Jesus ainda nem eram chamados de cristãos - At 11:26).

É empolgante, para mim, essa busca pela nascente de onde brotou a fé em Jesus, pura, límpida, simples, cristalina.

Nascente do Rio São Francisco

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Revolucionando a fé

A mensagem de Jesus aparentemente pouco (ou nada) tinha haver com a esperança de ressurreição após a morte biológica.

Sua mensagem dizia respeito à chegada do Reino de Deus ao mundo através do novo nascimento – da água e do espírito.

Ele chega a afirmar que “dos que aqui estão alguns não experimentarão a morte até que tudo tenha se cumprido”. Uma esperança imediata, real.

Verdade é que Jesus fez vários sinais – inclusive ressuscitar mortos. Porém estes sinais visavam chamar a atenção para a chegada do Reino e dar autenticidade à Sua autoridade, e não se tornar o fim em si mesmos.

Após a ressuscitação de Jesus, a bíblia relata que muitos cristãos não creram, e até os discípulos e Maria Madalena se espantaram do ocorrido ate que um “anjo” lhes anunciasse a “boa nova da ressurreição”. Ou seja, ressurreição biológica era algo não cogitado pelos cristãos que ouviram e conviveram com Jesus.

Coube a Paulo lançar as bases de uma teologia que devolvesse fé e esperança aos novos convertidos confusos com a morte de seu messias prometido.

Recém-convertido, de elevada cultura e inteligência, este apóstolo tardio desenvolveu a doutrina da esperança no Cristo ressurreto dos mortos, passando a ser esta a razão máxima da fé cristã, como ele coloca em suas epístolas.

A partir deste momento, a fé na ressurreição dos mortos tomou o lugar da fé simples de uma vida “no espírito”, como Jesus havia ensinado, a tal ponto que o próprio Paulo passa a afirmar que não pode haver esperança sem ressurreição da morte física.

Minha pergunta é: apesar das boas intensões de Paulo em devolver esperança aos novos crentes, a supervalorização da ressurreição não desviou a fé daquilo que era mais importante no ensino de Jesus, ou seja, uma vida plena através de uma “nova vida” vivida na consciência de que o espírito de Deus habita o interior do homem e que por isso ele deve abandonar as obras da carne?

E se a ressurreição de Jesus for um mito? Sua mensagem pura de um novo nascimento no espírito poderá subsistir e revolucionar o cristianismo atual?


Poderia Cristo continuar a reinar em nossos corações se o mito da ressurreição morresse?


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A bíblia não escrita!

"Os céus proclamam a Glória de Deus,
e o firmamento anuncia as Obras de Suas mãos." Sl. 19:1



 

A bíblia não escrita!




quarta-feira, 23 de outubro de 2013

A revelação de Deus

O salmista Davi escreve: "Fui jovem e agora sou velho, mas nunca VI o justo desamparado nem a sua descendência a mendigar o pão" Salmo 37:25.

E ainda: "Os céus DECLARAM a glória de Deus, e o firmamento ANUNCIA as obras de Suas mãos". Salmo 19:1.

Para o salmista, como o justo nunca é desamparado, então Deus é PROVIDÊNCIA!

Como os elementos da natureza transmitem harmonia, beleza e prevalência, então Deus é EQUILÍBRIO, ESPLÊNDOR e ETERNIDADE.

Deus se revela na sua ação, e não na sua compreensão!

Cada cultura, cada povo, cada época tenta compreender Deus na expressão do seu próprio contexto.

Neste sentido, um é o Deus dos judeus, outro o dos mulçumanos, outro o dos hindus, outro o do cristianismo.

Mas ao mesmo tempo, são um único Deus, experimentados e apreendidos no seu próprio tempo, na sua própria cultura.

Os judeus entenderam que Deus é um "pé".
Os mulçumanos o entenderam como um "braço".
Os hindus, como uma "cabeça"...

Os que acreditam que Deus é um "pé" pregam que não há nada além do "pe", por isso fazem guerra santa contra os que dizem que Deus é um "braço", ou uma "cabeça".

Se todos discutissem a situação sem preconceito, talvez descobrissem que se Deus, como experimentam, tem pé, braço, cabeça, etc, chegariam à conclusão que Deus é uma PESSOA,
dotada de direção e sentido (pé), força (braço), inteligência (cabeça), etc.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Ser uma nova criatura

"Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura." Gal. 6:15

Este texto nos remete ao novo nascimento ensinado por Jesus a Nicodemos.

Estaria Paulo falando do "ser uma nova criatura" após a morte do corpo, ou seria uma nova vida... em vida?

Jesus estabeleceu a diferença entre estar morto para o Espírito e vivo para o "corpo", ou estar vivo para o "corpo" e morto para o Espírito.

Como Nicodemos, estar morto para o Espírito requer um novo nascimento, uma ressurreição da morte espiritual que uma vida "no corpo" nos proporciona.

"Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.... miserável homem que sou".

"Quem me livrará do corpo desta morte?". Romanos 7:19-24.

Um desabafo de Paulo, derramando toda sua humanidade diante de seus irmãos gentios.

O dilema de Paulo deve ser o dilema de todo cristão.





Todo aquele que está em Cristo É uma nova criatura. II Cor. 5:17

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Renovação da FÉ

A renovação da Fé passa pelo estudo profundo dos evangelhos.

Evangelho e cristianismo não devem ser confundidos.

O cristianismo foi edificado sobre mitos.

Um destes mitos foi edificado em torno da personalidade
de Jesus.

Foi criada uma teologia dogmática centralizada em conceitos
como: Filho de Deus, o Messias, a Trindade.

Desta forma, aquilo que Jesus ensinou foi esquecido ou colocado
em plano secundário.

A personalidade foi sobreposta à essência.

Jesus ensinou que, para alcançar uma vida plena,
o homem deve seguir os seguintes passos:

1. Reconhecer que está morto espiritualmente;

2. Ter consciência de que precisa ressussitar;

3. Deixar que o Espírito preencha seu ser por completo;

4. Passar a viver plenamente sob a direção do Espírito.

Onde Jesus disse isso:

1. À samaritana: "importa que os verdadeiros adoradores O adorem em Espírito
e em verdade" (João 4);

2.À Nicodemos: "Ninguém pode entrar no Reino de Deus se não nascer
da água o do Espírito. O que é carne é carne, o que é espírito é espírito." (João 3).




sábado, 31 de agosto de 2013

Uma mesa diversificada em frutas

CAPÍTULO I


Uma mesa está posta.

Há muitas frutas sobre ela. É preciso experimentar todas.

Cada uma fornece um determinado tipo de vitamina, nutriente essencial à saúde física e mental.

Cada fruta pode ser uma religião, uma cultura, um pensamento.

O preconceito e a cultura de massa e exploração nos leva a desprezar os hindus, os filósofos, os orientais, os judeus e até a ciência.

70% da bíblia cristã é judia, os outros 30% falam de alguém que foi judeu de nascença.

Comer apenas uma determinada fruta promove o raquitismo físico.

Absorver apenas um pensamento religioso promove a arrogância, o egoismo, a intolerância e o preconceito.



CAPÍTULO II


O hinduísmo, desenvolvido a partir do século XV a.C., estabeleceu o princípio de que "a Verdadeira libertação está em descobrir a essência da vida e perceber a identidade entre o em-si pessoal e o em-si universal, cósmico; ou seja, a identidade entre Brahman (o Absoluto, Deus) e o Atman (a presença de Brahman no homem)".




No século VI a.C., o filósofo grego Parmênides já afirmava que "a razão humana comporta uma ânsia básica de unidade e estabilidade que só pode ser satisfeita quando repousada no UM."

Heráclito de Éfeso, mais tarde, desenvolve o conceito filosófico de Logos: "princípio cósmico que confere ordem e racionalidade ao mundo", o mesmo princípio teológico ensinado por João em seu evangelho (600 anos depois) afirmando: "no princípio era o Verbo".



CAPÍTULO III


"Examinai TUDO, Retende o bem". I Tess 5:21.

O preconceito desenvolvido pelo ocidente em relação às outras culturas e religiões atende a propósitos que certamente não são os do evangelho.

As mesmas buscas, as mesmas inquietações e as mesmas opiniões que todas as culturas expressaram ao longo dos séculos demonstraram a preocupação sincera do homem em conhecer o Seu criador e a si mesmo (com acertos e erros).

CAPÍTULO IV - CONCLUSÃO


O cristianismo, infelizmente, é uma religião de EXCLUSÃO: excluiram os judeus, excluiram os grupos e evangelhos cristãos que não comungavam com a "santa igreja", excluiram o conhecimento filosófico grego, excluiram as religiões orientais, excluiram a ciência, excluiram até mesmo Jesus quando substituiram seus ensinamentos por dogmas da "igreja ortodoxa romana".

Hoje continuam excluindo novos conhecimentos, novos debates.

"Examinai tudo!"





quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O Verbo (Logos)


Segundo alguns autores, o Verbo, expresso na teologia do evangelho de João, encontra sua inspiração no Logos grego.

No Século VI aC, a partir da filosofia de Tales de Milão, o Mythos (o mito) cede lugar ao pensamento filosófico, racional, inquiridor dos processos da natureza e liberal.
 
Heráclito (c. 535-475 a.C.) teria afirmado:
 
"Todas as leis humanas alimentam-se de uma só lei divina: porque esta domina tudo o que quer, e basta para tudo e prevalece a tudo".

Surge o Logos como expressão da:

         1.Palavra, linguagem, expressão;

         2.Pensamento, razão, racionalidade;

         3.Norma, conjunto de regras, leis naturais e espirituais);

         4.O Ser, essência, compreensão de si mesmo.

Portanto, quando João introduz a doutrina do Verbo encarnado, a origem de TUDO está implícito em:
      A Palavra, estabelece uma relação a partir da linguagem;
O Pensamento, dá sentido, é racionalidade;
As Normas, estabelecem o princípio moral;
O Ser, estabelece a essência, sentido, a partir da consciência de que assim como Deus se apresentou a Moisés como o “Eu Sou”, o homem também tráz a compreensão de si mesmo enquanto ser divino criado à imagem e semelhança daquele que "É".
"A criação", Michelangelo.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Victor Hugo (pensamentos)

"A alma tem sede do Absoluto, e o Absoluto não é deste mundo."

"A morte é uma mudança de vestimenta. A alma que estava vestida de sombra vai ser revestida de Luz."

"Aquele que dorme e desperta, desperta e vê que é homem.
Aquele que é vivo e morre, desperta e vê que é espírito."

Victor Hugo (1802 - 1885)

domingo, 11 de agosto de 2013

O corpo desta morte!

"Quem me livrará do corpo desta morte?" Rom. 7:24

"Não mais eu vivo, mas Cristo vive em mim." Gal. 2:20

O homem busca em Deus o ideal de perfeição a partir da consciência de sua condição.

Paulo se reconhece, a partir da consciência de si mesmo, imperfeito, violento, nu.

O ideal cristão (Cristo) é sobreposto à sua natureza humana como forma de alguma possibilidade
em alcançar o ideal de perfeição, como um avatar.

Ele luta para retirar de sobre si o corpo da sua própria natureza humana ("o corpo desta morte") substituindo por um outro corpo, desta vez o corpo ensanguentado de Cristo ("mas Cisto vive em mim").

O que há de comum entre esses dois corpos é que eles passaram pela violência.

Seja o "corpo da morte" quanto o corpo de Cristo, ambos foram vítima do que há de mais humano em tudo que existe na religião: a violência.







sábado, 10 de agosto de 2013

As Faces de Deus! (parte I)

"Disse Moisés: Rogo-te que me mostres a Tua glória." Respondeu o Senhor: "Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá".Êxodo 33:18-20.

"E acontecerá que, quando a minha glória passar, te porei numa fenda da rocha e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado.
E, havendo Eu tirado a minha mão, me verás pelas costas; MAS A MINHA FACE NÃO SE VERÁ." Êxodo 33:22,23.

Ao longo da história o homem tem procurado responder a uma pergunta que aflora de seu íntimo: quem é Deus?

Reconhecendo a presença de Deus através da ação das forças da natureza, ele complementa suas inquietações com: onde Deus habita? como Ele se comunica conosco? qual o seu padrão de comportamento? do que Ele gosta e do que não gosta? o que lhe a grada? e, o mais importante, como posso agradá-lo e andar em sintonia com o Eterno?

Estas perguntas são inatas à natureza humana.

Mas Deus não pode ser visto, apenas PERCEBIDO!

Temos é um conceito de Deus à partir da percepção humana culturalmente condicionada à época em que este conceito foi formalizado. (isto será melhor desenvolvido na parte II)

Não poderia ser de outra forma: se o homem foi criado a imagem de Deus, naturalmente esta imagem trás consigo os contornos do objeto (ainda que o objeto se apresente desfocado na sua imagem refletida).

Se o homem sofre; Deus é um Deus sofredor!
Se o homem ama; Deus é um Deus que ama!
Se o homem é violento; Deus é o Senhor dos Exércitos!
Se o homem é intolerante; Deus é um Deus que se ira e mata em nome da justiça.
Se há momentos de caridade e bondade no homem; Deus é um Deus de misericórdia!
Se existe esperança no homem; Deus é um Deus de Fé!

A imagem buscando refletir o objeto!

Os judeus levavam a reverência a Jeová ao ponto mais extremo: nem lhe pronunciavam o nome. 

Por que, então, os cristãos desenvolveram um padrão de caráter e ação para Deus chegando ao pondo de uma quase fotografia de Deus? 

O Deus do cristianismo ficou tão íntimo e pessoal que muitos chegam a dormir com Ele, comer com Ele, sentir Sua respiração, ouvir seus sussurros, conhecer, de forma inequívoca, Sua vontade (até quando matam em Seu Nome). 

O Deus suvenir: você pode ter o seu na prateleira da sua estante.

Há que se ter respeito, reverência e temor ao Nome de Deus (antes mesmo de se tentar conhecer o próprio Deus).

Quando o cristianismo declarou ao mundo que "deus havia se revelado afinal", a religião passou a ser o Seu porta-voz, o arauto da Sua vontade, não apenas nos negócios de fé, mas de Estado e da guerra.

"a minha face não se verá"





sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A verdadeira Religião

A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é estaVisitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se incontaminado do mundo” Tiago 1.26-27.

Esta afirmativa do autor da carta de Tiago, ao meu ver, contém uma verdade e uma distorção de verdade.

A verdade é que "a religião pura e imaculada" consiste em ATITUDE.

Visitar órfãos e viúvas nas suas aflições é um dever de todo homem que professa a essência de Deus em si.
Se o homem foi criado a imagem de Deus, como diz o livro de Gênesis, então essa imagem se reflete em ATOS de atenção para com os necessitados, dentre muitas e muitas outras atitudes que devem (e podem) ser tomadas perante a sociedade.

Se a sociedade mergulha na corrupção e na mentira e a igreja não tem ATITUDE, mas está circunscrita a seu templo, ao seu corpo de membros, às suas estratégias para expansão do "evangelho", diga-se pregar que todos vão para o inferno e que Jesus é a única salvação... isto é ATITUDE? Reflete a imagem de um Deus que se preocupa com todos e não apenas em encher um saco com almas "salvas"?

Toda a história do Velho Testamento está pautada em uma FÉ COM ATITUDE. Apenas o Novo Testamento é que inaugurou um tipo de fé CONTEMPLATIVA, PASSIVA, SUBSERVIENTE, ACOVARDADA, EXCESSIVAMENTE PRUDENTE chegando a ser COMPLACENTE COM A CORRUPÇÃO, como convinha ao Estado Romano decadente do Imperador Constantino (século IV dC): "admoesta-os a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam..." Tito 3:1.

A distorção da verdade é afirmar que o "crente" deve "guardar-se incontaminado do mundo".

Já discutimos isso anteriormente: a heteronomia (duas ou mais realidades distantes uma da outra, opostas) entre bem x mal, céu x inferno, anjos x demônios, puro x impuro, salvo x perdido, eternidade com Deus x eternidade sem Deus, o salvador x o tentador.

Neste caso o mundo contamina, é perdição, só serve para pecar e destruir. O céu, ao contrário, é vida, luz, gozo eterno, prazer...

Três séculos depois do autor de Tiago escrever estas palavras, um poder venal, corrupto e manipulador lançou as bases do terror afirmando que a religião ortodoxa era o único meio de alcançar o paraíso distante onde mora o Deus severo e iracundo, apoiando-se naturalmente em Jesus que passou a ser subalterno aos dogmas desta religião e à Maria imaculada intercessora entre o Filho e o Pai.

Religião só é boa se reflete ATITUDE. Ponto!
Ter ATITUDE!

domingo, 14 de julho de 2013

Religião deve criticar a própria religião

PARTE II - SURGIMENTO DO CRISTIANISMO


O cristianismo, a despeito de alguns acharem que, por tem este nome, foi criado por Cristo, não é verdade.

Cristianismo foi uma religião criada no IV século d.C. inspirada na figura e carisma de Cristo.

Jesus, chamado o Cristo (Messias no hebraico) não criou religião, nem escreveu qualquer carta ou evangelho, nem ordenou qualquer sucessor que continuasse seu trabalho após a sua morte.

Nas primeiras décadas após sua partida, seus discípulos divulgaram versões de seus ensinos que, mais tarde, foram registradas em evangelhos e cartas às igrejas (reunião doméstica dos primeiros convertidos e não instituição ou denominação como a conhecemos hoje).

O Imperador romano Constantino, no século IV d.C., reuniu alguns bispos, sob sua ordem, e dirigiu o primeiro concílio para estabelecer uma ortodoxia que deveria prevalecer sobre os outros grupos religiosos e considerar anátema todas as outras versões e interpretações acerca dos ensinos e da personalidade de Jesus.

Assim foram escolhidos os 66 livros que compõem a bíblia, ordenando que todos os outros escritos fossem considerados apócrifos, e aqueles que os lessem passivos de excomunhão da comunidade cristã e, posteriormente, a morte.

Com discussões acaloradas e nem sempre "santas", foram sendo estabelecidos muitos dos dogmas que influenciaram para sempre toda a cristandade, inclusive os evangélicos: a trindade, o céu x o inferno, o celibato, a consubstanciação do corpo de Cristo no pão e no vinho, o pecado x a recompensa no céu, culminando com o culto à Maria como intercessora entre Deus e os homens (um autor católico afirma que o culto à Maria surgiu, provavelmente, para compensar a necessidade que os prelados sentiriam de se relacionar com a figura feminina, já que o celibato proibia o contato com o sexo oposto.)

Assim foi edificado o Cristianismo, instituição romana à serviço do poder venal.

Se Deus trabalhou certo através de mãos erradas, só a fé de cada um pode aquilatar.

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quinta-feira, 4 de julho de 2013

Religião deve criticar a própria religião

PARTE I - O SURGIMENTO DA RELIGIÃO

O surgimento da religião se deu, provavelmente a cerca de 12 mil anos, com o fim da era pré-histórica.

No momento em que o homem passou de caçador-coletor a domesticador de animais e produtor de seu próprio alimento (agricultura), passando de nômade para sedentário, a religião surgiu como unificador em torno de crenças comuns, incentivando os conceitos de moral, direitos, respeito, limites, imprescindível para uma convivência pacífica e a sobrevivência de um grupo que, pela primeira vez na história, se preocupava (e fazia planos) com o futuro.

Antes disso, o homem se via como parte da natureza, sem distinção.

Agora ele se percebe  diferente, superior aos animais, controlador do tempo, das estações.

Com a sistematização das atividades em torno da produção agrícola e da domesticação de animais para a execução de tarefas repetitivas e pesadas, sobrou mais tempo para o homem pensar.

A nova arte do pensamento junto com o compartilhamento em torno de crenças comuns em divindades que ordenavam as forças da natureza estabeleceu o fundamento da religião moderna.

As descobertas em sítios arqueológicos de civilizações muito antigas (mais antigas que a própria civilização egipsia) demonstraram que, no centro daquelas pequenas comunidades, em geral, havia um templo, local de reuniões, adoração e, provavelmente, local de sacrifícios ou culto aos mortos.

Segundo alguns escritores modernos, um contrassenso é que a religião, que também surgiu para frear a violência inerente ao homem, tenha sido, historicamente, um fator de incremento de mais violência ainda, chegando a afirmar que religião e violência são dois lados da mesma moeda. Muitas vezes, para controlar a violência de grupos pequenos dentro da comunidade, a religião lançou mão da própria violência e em proporção muitas vezes maior.

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segunda-feira, 1 de julho de 2013

Religião X Estado



O patriarca dos judeus, Abraão, recebe uma tarefa que era muito comum em sua época: sacrificar
o seu filho em holocausto.

Porém, na última hora, Jeová intervém no sentido de poupar a vida de Isaque. 

Está instituído, pela primeira vez, um princípio moral e ético que mudaria a humanidade para sempre  inaugurando o conceito de civilização: a vida humana é importante para Deus e deve ser preservada, protegida e inviolada.

Na época dos reformadores da igreja (Lutero, Clavino), um novo princípio iria ser instituído: o da separação entre igreja e estado.

A promiscuidade de poder (e pelo poder) que havia entre reis e o clero, onde muitas vezes o papa não apenas intervinha nas questões políticas mas tomava decisões de estado sob uma suposta determinação divina, como no caso da convocação das cruzadas para as famosas "guerras santas", levaram os reformadores protestantes do século XVI a tal atitude.

No entanto, este princípio trouxe também, para os nossos dias, consequências negativas: a moral e ética religiosa foi banida definitivamente da esfera secular.

Por isso é possível termos um povo desonesto, políticos corruptos, empresários gananciosos, instituições suspeitas, dentro de um país de tradições religiosas, como o Brasil.

A vida social foi, total e irremediavelmente, desvinculada da consciência.


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segunda-feira, 17 de junho de 2013

UNICIDADE x  MONOTEÍSMO

Para os judeus pré-exílio babilônico (cerca de 600 a.C.) Deus era a expressão da UNICIDADE.

Não havia dualidades (o bem versus o mal, a vida versus a morte, o céu versus o terreno, etc). TUDO era expressão da revelação divina.

Após a volta à Jerusalém, pós-exílio, a religião judaica evoluiu para o MONOTEÍSMO.

Como o sufixo "ismo" sugere, uma facção, um partido, um grupo em oposição a todos os outros grupos.

Agora Deus já não é UNO, Ele é quem escolhe, quem separa, quem dá direitos e poderes ao Seu povo para conquistar, subjugar... e matar em Seu Nome santo!

Assim como o cristianismo excluiu e baniu todas as outras expressões religiosas (inclusive o judaísmo),
o monoteísmo não admite as diferenças, as peculiaridades, as discordâncias.

"as religiões tendem a esquecer a parcialidade inevitável que emerge do fato básico da condição humana, qual seja, de que a verdade é sempre percebida de um ponto de vista ou de outro - nunca em si mesma." (1)

(1)James Carroll, "Jerusalém, Jerusalém", p.359

terça-feira, 4 de junho de 2013

TEMPO x ESPAÇO x FÉ

três dimensões nas quais o ser humano transita
na sua existência consciente: tempo, espaço, fé.

Mensuramos a realidade pelo TEMPO!

Nos deslocamos no ESPAÇO!

Realizamos pela FÉ!

Mensurar, mover e realizar... Tempo, espaço e fé!

O apóstolo Paulo escreveu: "a FÉ é o firme fundamento das coisas que se esperam,
e a prova das coisas que não se vêem" (1)

Quando acordamos, cada manhã, temos a real dimensão do tempo (horas, dias ano...)

Quando nos movemos do quarto ao banheiro para escovar os dentes e deste à sala para
tomar um delicioso café, apreendemos o espaço (largura, distância, altura, profundidade...)

Quando fazemos planos, pensamos em realizar algo naquele dia que nos fará bem
ou trará felicidade a outras pessoas, o fazemos pela fé!

Queiramos ou não, somos contidos pelo tempo, espaço... e FÉ!








quinta-feira, 30 de maio de 2013

A ORIGEM DE DEUS

A consciência de Deus, nas culturas primitivas, parece ter-se concretizado a partir das experiências humanas.

A partir do contato das limitações com o ilimitado, do temporal com o eterno, do concreto com o milagre, o homem chegou à interpretação de que existem forças externas e superiores à sua própria consciência que governam o cosmos, a vida e a morte.

A esta expressão sobrenatural as culturas primitivas chamaram "Deus", passando pelo inominável dos judeus, pelo sofredor do cristianismo, pelo guerreiro dos islamitas e chegando até nós de múltiplas e diversificadas formas quantas forem as correntes teológicas modernas.

Mas, o que para muitos parece ser uma definição de que Deus é "produto da mente humana", para mim é a comprovação de uma realidade pessoal, vivida, experimentada de proximidade com o sobrenatural, portanto bela e inexprimível (que é a própria definição de religião).

A forma como esta experiência se manifesta nas diversas culturas e religiões não desqualifica a fonte de sua origem primeira: ELE É!



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LIBERDADE DE EXPRESSÃO


Se há um sistema, seja ele político, social ou religioso, que suprime seu direito a livre consciência, certamente há algo errado.

A religião deve ser utilizada para criticar a própria religião, evitando-se, assim, que se reproduzam excessos e cerceamento do direito ao livre arbítrio.

A renovação de idéias não significa rejeição às definidas anteriormente, mas a revisão dos pontos de vista convencionalmente apreendidos como verdades  para que eles se tornem contextualmente adequados à modernidade.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

A ciência são os óculos da fé.

A fé, por seu próprio caráter emocional, está exposta a uma tendência ao
exagero, à supervalorização e a interpretar fenômenos físicos como
expressões de transcendência mística.

A ciência permite enxergar melhor a ação do milagre divino.

Segundo alguns autores, e eu concordo, a declaração
bíblica de que "a ciência incha" (1) é uma demonstração de preconceito
de época contra os métodos científicos, e que levou tantos estudiosos
às fogueiras da inquisição na Idade Média.

Assim como os cientistas não chegam  à novas descobertas sem fé,
a religião não se renova se não permitir que novas descobertas
científicas a livre das superstições do passado e da ignorância
religiosa cultivadas como verdades divinas
absolutas
nos calabouços dos conventos medievais.

(1) I Livro aos Coríntios 8:1

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CONHECIMENTO X FÉ

O que fazer com o conhecimento 
quando a dúvida da vida nos assola,quando a dor aflora,
quando o medo nos apavora, quando a ausência é sentida 
e quando a solidão nos incomoda?

O que fazer com todo este novo conhecimento sobre a religião, 
as descobertas recentes e a mudança de paradigmas sobre os dogmas cristãos? 
Podem eles nos salvar do terror noturno ou do medo do vazio da alma?

Não pode.

A FÉ sempre triunfa onde o conhecimento não tem respostas.

A essência da vida é DEUS.

De que forma Ele se expresse, em que cultura ele se antropomorfizou, 
de que anseios humanos Ele criou substância no modo espaço e tempo... 
...não importa.

ELE É!

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quinta-feira, 16 de maio de 2013

E SE NÃO EXISTIR???

Alguns autores religiosos mais modernos colocam algumas questões interessantes: e se não existir vida após a morte, e se não existir céu nem inferno, e se a alma não for imortal?

Se descobríssemos que todos os dogmas e certezas religiosas fossem, na verdade, criações dos concílios ortodoxos estabelecidos a partir do IV século depois de Jesus para lançar os fundamentos de uma nova religião, o cristianismo, para se opor à religião judaica e, após o século VII, a do islã, e se fortalecer como instituição de poder político na Idade Média?

A pergunta é: o que mudaria na minha fé?

Descobrir que o reino de Deus é aqui na terra, como pensavam os judeus, que a bíblia foi escrita por pessoas normais, sujeitos a interpretações pessoais, regionais e temporais dos eventos que lhes eram contados oralmente e não um livro-oráculo infalível, que certos dogmas "santos" como a trindade, a essência divina de Jesus, a ressurreição, o paraíso, a recompensa eterna no céu... seriam capazes de mudar a fé de um devoto verdadeiro?

Será que o culto à personalidade, considerada divina, de Jesus substituiu, ao longo dos séculos, o dever de praticar o amor, a solidariedade e a confraternização que foram ensinadas por Ele?

Deixaria alguém de amar já que não pode mais esperar uma recompensa pós-morte?
Deixaria de fazer o bem já que não pode mais contar com uma aura divina "inspirando" sua bondade?
Deixaria de ser solidário já que as promessas de vida eterna, graça, galardão e paraíso são fruto de uma interpretação pessoal de determinado autor em momento de convulsão íntima?

Eu acho que não.

Parece que a vida tem mais sentido quando entendemos que foi aqui que Cristo viveu, amou e sofreu, por isso é aqui que devemos viver, amar e sofrer também.
Ter fé no ensinamento de Jesus é melhor do que ter fé no culto de sua personalidade, seja ela divina ou não, fomentada por pessoas de boa intensão mas entendimento naturalmente limitado contextualmente.

Se o céu (ou o inferno) fosse aqui, a vida seria mais intensa para muitos fiéis que vivem esperando morrer para alcançarem uma aposentadoria eterna de graça e delícias.

Não tenho a pretensão de estar certo (espero até estar errado), mas que a dúvida liberta a alma, isso sim!

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sábado, 4 de maio de 2013

SACRIFÍCIO

A mensagem de Jesus para a humanidade é não apenas amor, incondicional e irrestrito, como também sacrifício.

Amor exige sacrifício.

Sacrifício sem amor é um ato vazio, completamente desprovido de sentido.

Abraão recebe de Deus a tarefa de sacrificar seu filho Isaac. Como prova do seu amor, Deus substitui Isaac por um cordeiro sem mácula.

Nos evangelhos, ao contrário, é também por amor que Deus substitui o cordeiro pelo sacrifício do seu próprio filho.

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domingo, 10 de março de 2013

CONFORMADOS

"Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento". Romanos 12:12.

Parece claro que o nosso entendimento (conhecimento, saber, informação) devem estar em constante evolução. O homem do século XXI não tem o mesmo entendimento do homem do século V, ou do século XV.

A visão das coisas espirituais precisam de um novo entendimento.

Estamos "conformados" (=tomar forma de) a velhos conceitos.

É necessário, primeiramente, desformar, para depois reconformar.

O evangelho é conteúdo e forma.

A célula humana assume várias formas, de acordo com a especificidade do tecido que compõe, mas apenas um conteúdo comum, chamado núcleo.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

AMOR x MEDO

"... seria bom que, com o passar do tempo, a abordagem teológica deixasse de ver Deus como uma força externa que criou as regras do Universo, para considerá-lo uma experiência interior." (1)

A despeito da palavra bíblica de que "o verdadeiro amor não conhece o medo", parece que a religião tradicional foi edificada justamente explorando o medo desde tempos remotos.

Medo da morte, medo do pecado, medo de perder a salvação, medo de não estar no centro da vontade do Todo-Poderoso, medo de questionar, medo de ter dúvidas.

Do texto bíblico, podemos deduzir que:

1.Se há medo, não habita o verdadeiro AMOR;

2.Se há AMOR, não há lugar para o medo.




(1) Leonard Mlodinow, in "Ciência x Espiritualidade", p. 295

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

MONOTEÍSTA OU POLITEÍSTA?


Costumamos afirmar que o maior mérito do judaísmo foi ter ensinado ao mundo a fé em um deus único, inaugurando o monoteísmo.

Dizem as escrituras judaicas: "O Senhor vosso Deus é o único Deus... não terás outros deuses diante de mim".

O cristianismo do IV século, porém, adotou um modelo politeísta ao afirmar a doutrina da trindade divina.

Este conceito (trindade) já era conhecido desde o século XV a.C. pela crença hindu:

"Ainda que os Hindus acreditem em um onipresente e impessoal ser supremo, eles sustentam que esse ser existe em múltiplas formas, tanto do sexo masculino como do feminino, tornando a religião hindu politeísta. Como o divino não pode ser limitado, ele existe em toda parte e em tudo, daí o Hinduísmo é panteísta também. No topo das inúmeras formas estão Brahma, Vishnu e Shiva, a tríade suprema." (1)

(1) http://setimodia.wordpress.com/2010/10/08/entendendo-o-hinduismo-um-guia-pratico-para-cristaos/

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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A LIÇÃO DE SÓCRATES

"Em 399 a.C., três cidadãos de Atenas acusaram Sócrates de não reconhecer os deuses tradicionais e propor novas divindades. A pena para esse choque de visões de mundo, ou de deuses, era a morte. Durante o julgamento, Sócrates recusou-se a abjurar para escapar da sentença de culpado. De acordo com Platão, ele teria dito: "Enquanto eu respirar e conservar minhas faculdades, não cessarei de praticar a filosofia".(1)

Quando Deus faz uma revelação ao homem, Ele a faz por completo através da fé, da emoção, razão, inteligência, corpo e alma.

Negar ao homem a capacidade de questionar um axioma que foi estabelecido pelas culturas e gerações passadas como "verdade" absoluta, é negar a Deus a capacidade de poder respondê-lo acima de suas expectativas e necessidades intelectuais inclusive.

(1) Ciência x Espiritualidade, Deepak & Leonard, p. 11